Diante de um quadro extremo de luto, frente ao fim de algum ciclo de trabalho ou relacionamento, diante de alguma situação de crise de ansiedade, ou mesmo de pânico; logo pensamos… talvez uma medicação pode anestesiar a dor ou fazer a crise passar.
A medicação, sem dúvida, é um recurso que, muitas vezes, é preciso, mas vale lembrar que não é a medicação que cura em si. A medicação psiquiátrica não tem a função de curar em termos físicos e emocionais.
O que ela estabelece é um alicerce e um chão mais firme, que nos ajuda a atravessar a tumultuada correnteza da nossa caminhada. Contudo, é através da psicoterapia, do acompanhamento terapêutico, que realmente alcançamos um processo consistente para conseguirmos atravessar o que estamos vivendo.
A medicação não tem o poder de anular completamente nossos sintomas, nem mesmo de mudar nossos comportamentos, pensamentos e modos de nos relacionar. Na verdade, esses sintomas são como mensagens, uma expressão e uma manifestação de um desconforto profundo que barramos por muito tempo e que começou a vazar. Os sintomas nos sinalizam que algo em nossa vida não está bem. São como o alarme que nos acorda para a necessidade de mudança.
Assim como a palavra ‘crise’ escrita em chinês, que combina os caracteres para ‘perigo’ e ‘oportunidade’, a visão sobre o uso da medicação é similar. Quando enfrentamos uma crise, estamos de fato diante de uma oportunidade, mesmo que envolva perigos. É o momento em que a mudança se torna imperativa! E, muitas vezes, preferimos permanecer no território conhecido, ainda que desconfortável, a correr o risco de buscar algo melhor e aparentemente desconhecido.
Portanto, a medicação e a psicoterapia são aliadas poderosas, juntas criam o chão e a coragem para seguir, onde a medicação fornece somente a estabilidade necessária, enquanto a psicoterapia nos guia pela exploração do desconhecido. É o enfrentamento das crises que nos leva à transformação.
A jornada para a cura, o crescimento e a autogestão dos nossos afetos são únicos para cada um de nós. E nesse caminho, tanto a medicação quanto a psicoterapia desempenham papéis importantes, tornando o sintoma uma busca por oportunidades em meio aos desafios.
VENHA COMO VOCÊ ESTÁ!